Chegando ao ápice da Idade Média, entre os séculos VIII e XII, percebemos que o poder papal já despertava a cobiça de várias autoridades clericais da época. Cada vez que o posto papal ficava vago, os principais bispos e cardeais da Europa entravam em séria disputa pela conquista do cargo. Entre os casos mais graves dessa disputa, destacamos o caso do Bonifácio VII que, em 974, estrangulou o papa Bento VI para assumir a mais importante posição da Igreja.
Mesmo aqueles pecados capitais considerados de menor importância também eram vez ou outra ignorados pelos papas. No ano de 1471, o papa Paulo II morreu depois de degustar sozinho dois melões inteiros. Ainda hoje, suspeitam que o papa glutão tenha sido envenenado. Já o “esquentado” Júlio II tinha o péssimo hábito de resolver as suas diferenças no braço. Certa ocasião – tomado pela mais pura ira – espancou um bando de cardeais que simplesmente se recusara a cavalgar com ele em um dia nevado.
Em seus primórdios, os membros da Igreja poderiam casar e consumar o ato sexual. Contudo, na medida em que a instituição aumentava suas posses, o celibato foi imposto a todos aqueles que adentravam os quadros clericais. Mas o celibato nunca chegou a ser seguido à risca. No século XVI, por exemplo, o papa Alexandre VI também era conhecido pela sua extensa prole de filhos – obtidos com três diferentes mulheres – e pelo seu intenso caso com a bela Giulia Farnese.
A existência desses deslizes cometidos por figuras centrais da Igreja revelam um tempo em que a autoridade clerical exacerbou os limites das regras morais por eles mesmos difundidas. Ao longo do tempo, o aparecimento das religiões protestantes e a diminuição da esfera de interferência da religião da sociedade mudaram tal situação. Atualmente, observamos que diversos membros do clero se interessam na reavaliação de diversas atribuições e exigências ligadas à vida religiosa dos dirigentes católicos.
Por Rainer Sousa
Mestre em História
Nenhum comentário:
Postar um comentário